Rute 1:1-22, Rute 2:1-23 OL

Rute 1:1-22

Noemi e Rute

No tempo em que os juízes governavam o povo de Israel, houve um homem efrateu de Belém de Judá chamado Elimeleque que deixou a sua terra, pois havia muita fome e emigrou para Moabe. Acompanharam-no a mulher, Noemi, e os dois filhos do casal, Malom e Quiliom.

Elimeleque faleceu naquela terra e Noemi ficou sozinha com os dois rapazes. Entretanto, estes casaram com duas raparigas de Moabe, Orfa e Rute. Depois de ali terem vivido cerca de 10 anos, tanto Malom como Quiliom morreram e Noemi viu-se de novo desamparada, sem marido e sem filhos.

Noemi regressa a Belém com Rute

Por isso, decidiu regressar a Israel na companhia das noras, pois tinha ouvido que o Senhor abençoara o seu povo, dando-lhe novamente boas colheitas. Na companhia das duas noras, deixou o lugar onde tinham estado a viver e tomaram o caminho que as conduziria de volta a Judá.

Já a caminho resolveu dizer às noras: “Não preferem antes voltar para as vossas famílias em vez de me acompanharem? Se o fizerem, que o Senhor vos recompense pela vossa bondade com que trataram os vossos falecidos maridos e a mim mesma. Que ele vos abençoe, preparando-vos outro casamento feliz!” E abraçou-as e beijou-as e todas choraram de emoção.

“Não”, diziam as moças. “Nós vamos viver contigo junto do teu povo.”

Porém, Noemi insistiu: “Fariam melhor em voltar para o vosso povo. Sabem bem que já não há hipótese de eu vir a ter filhos que crescessem e casassem convosco. Não, minhas filhas, voltem para as vossas casas, porque já não tenho idade para tornar a casar. E mesmo que isso acontecesse e que esta mesma noite eu concebesse e viesse a ter filhos, iriam esperar tanto tempo até que eles fossem crescidos? Não, com certeza que não. Oh! Como eu lamento que o Senhor me tenha castigado assim! A minha amargura é maior do que a vossa!”

E estiveram a chorar algum tempo até que Orfa, abraçando-se à sogra, decidiu dizer-lhes adeus e regressar à casa paterna. No entanto, Rute foi inflexível e quis ficar com Noemi. “Vê”, disse-lhe Noemi, “a tua cunhada já se foi embora para junto da sua família e dos seus deuses. Faz tu também o mesmo.”

Mas Rute respondeu-lhe: “Não me forces a deixar-te. Porque eu irei para onde tu fores; onde passares a viver, aí eu também viverei; o teu povo é o meu e o teu Deus é o meu Deus. Quero vir a morrer onde tu morreres e ficar aí sepultada. Que o Senhor me castigue e faça aquilo que quiser se houver alguma coisa, a não ser a morte, que nos separe.” Quando Noemi viu que Rute tinha tomado uma decisão firme e que nada a podia demover, não insistiu mais.

Então ambas vieram para Belém. A povoação inteira comoveu-se à sua chegada. “Mas é mesmo Noemi?”, perguntavam as mulheres.

Ela respondia: “Não me chamem mais Noemi (agradável), mas sim Mara (amargurada), porque o Todo-Poderoso me tem afligido muito. Parti cheia e regresso vazia. Porque haveriam de chamar-me Noemi, quando o Senhor parece ter-se desviado de mim e me trouxe tamanha calamidade?”

O regresso delas a Belém, vindas de Moabe, deu-se no princípio da colheita da cevada.

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Rute 2:1-23

Rute no campo de Boaz

Noemi tinha em Belém um parente de Elimeleque, seu marido; era um homem muito rico chamado Boaz.

Em certa ocasião, Rute disse a Noemi: “Olha, vou sair pelos campos para ver se apanho as espigas que vão caindo atrás daquele que for amável comigo.” Ela respondeu-lhe: “Pois sim, minha filha, vai lá então!”

E ela foi e aconteceu que o campo para onde foi era precisamente do tal Boaz que era da família de Elimeleque.

Boaz apareceu por lá, vindo da cidade, enquanto Rute ali estava e saudou os ceifeiros: “O Senhor esteja convosco!” E eles responderam: “O Senhor te abençoe!” A seguir, perguntou ao capataz: “Escuta, de quem é aquela rapariga que ali está?”

“É a moabita que veio com Noemi. Pediu-me esta manhã se podia apanhar as espigas que os ceifeiros deixavam caídas e tem estado sempre aqui, exceto quando foi descansar um pouco à sombra.”

Boaz foi ter com ela para lhe falar: “Minha filha, fica aqui connosco neste campo a apanhar espigas. Não precisas de ir a outros campos. Junta-te às moças que aí estão a trabalhar. Já avisei os rapazes para não te incomodarem; quando tiveres sede vai beber à tua vontade.”

Ela agradeceu-lhe muito: “Não há razão para seres assim tão amável comigo. Eu não passo duma estrangeira.”

“Sim, eu sei. Mas sei também de toda a afeição e carinho que tens mostrado para com a tua sogra, desde a morte do teu marido, e como preferiste deixar o teu pai e a tua mãe para viver entre estranhos. Que o Senhor, Deus de Israel, sob cujas asas vieste refugiar-te, te abençoe por tudo.”

“Agradeço-te muito. Foste muito bom para mim, não sendo eu sequer uma empregada tua!”

À hora do almoço, Boaz chamou-a: “Vem comer connosco.” Rute veio sentar-se junto dos ceifeiros e ele serviu-a generosamente, muito mais do que podia comer.

Quando a jovem voltou ao trabalho, Boaz disse ao capataz que a deixasse apanhar mesmo entre os feixes sem lhe dizer nada; e que fizessem de propósito deixar cair espigas, sem que ela se sentisse incomodada por as apanhar.

Assim, ficou ali o dia todo. Ao fim da tarde, quando foi juntar o que debulhara, contou uns 22 litros! Trouxe o grão para a povoação e entregou-o à sogra, e também o que lhe sobejara do almoço.

“Mas tanto!”, exclamou Noemi. “Onde é que andaste hoje a apanhar? Que Deus abençoe quem foi tão generoso contigo!” E Rute contou-lhe tudo o que se passara, dizendo que o dono do campo se chamava Boaz.

“Que o Senhor seja louvado, porque continua a ser bondoso para com os vivos, tanto quanto para com os que já morreram!”, exclamou Noemi comovida. “Porque esse homem é um dos nossos parentes mais chegados!”

“Ele disse-me para lá ficar a apanhar espigas, atrás dos ceifeiros, até que todo o campo estivesse ceifado.”

“Isso é maravilhoso! Ouve bem: faz conforme ele te disse. Fica lá com as outras moças até ao fim da ceifa. Ali estarás mais segura do que em qualquer outro campo!”

Rute assim fez, indo lá apanhar espigas até ao fim das ceifas, tanto da cevada como do trigo. E ficou a viver com a sogra.

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