2 Reis 18:1-37, 2 Reis 19:1-13 OL

2 Reis 18:1-37

Ezequias, rei de Judá

(2 Rs 17.5-7; 2 Cr 29.1-2; 31.1, 20-21; 32.1-19; Is 36.1-22)

No terceiro ano do reinado de Oseias, filho de Elá, rei de Israel, Ezequias, filho de Acaz, tornou-se rei em Judá. Ezequias tinha 25 anos quando se tornou rei de Judá. Reinou 29 anos em Jerusalém. A sua mãe chamava-se Abia e era filha de Zacarias. Ezequias fez o que era reto aos olhos do Senhor, conforme tudo o que fizera David, seu antepassado. Tirou os santuários pagãos nas colinas, derrubou os obeliscos, quebrou os vergonhosos ídolos de Achera, destruiu a serpente de bronze que Moisés fizera, pois até então o povo oferecia-lhe incenso queimado, chamando-lhe Neustan, ainda que o rei Ezequias lhes tivesse dito que não passava de uma simples peça de bronze.

Confiou no Senhor, o Deus de Israel. Com efeito, não houve nem antes nem depois dele nenhum rei tão fiel ao Senhor. Manteve-se fiel ao Senhor, sem jamais se afastar dele e obedeceu aos mandamentos dados através de Moisés. Por isso, o Senhor esteve sempre com ele, o ajudou e o fez prosperar em tudo. Rebelou-se contra o rei da Assíria e recusou-se a servi-lo. Conquistou terra aos filisteus, até ao limite de Gaza e seus arredores, destruindo povoações, tanto as maiores como as mais pequenas.

Foi durante o quarto ano do reinado de Ezequias, que correspondia ao sétimo do reinado de Oseias de Israel, que o rei Salmaneser da Assíria atacou Israel e pôs cerco à cidade de Samaria. Três anos mais tarde, durante o sexto ano do reinado de Ezequias e o nono do rei Oseias de Israel, Samaria cedeu e foi conquistada. O rei da Assíria transportou israelitas para o seu país e organizou colónias para a sua instalação na cidade de Hala e ao longo das margens do rio Habor em Gozã, assim como nas cidades dos medos. Isso aconteceu-lhes porque não quiseram dar ouvidos à palavra do Senhor, seu Deus, de aceitar tudo o que queria que fizessem. Ao contrário, quebraram a aliança estabelecida com Deus e desobedeceram aos mandamentos que Moisés, o servo do Senhor, lhes tinha dado.

Mais tarde, no décimo quarto ano do reinado de Ezequias, Senaqueribe, rei da Assíria, veio combater contra todas as cidades fortificadas de Judá e tomou-as. O rei Ezequias pediu a paz e enviou uma mensagem ao rei da Assíria em Laquis: “Errei. Estou pronto a pagar o tributo que exigires, contanto que te retires da terra.” O rei assírio pediu então um pagamento de 10 000 quilos de prata e 1000 de ouro. Para juntar todo esse dinheiro, o rei Ezequias serviu-se de prata armazenada no templo e nos cofres do palácio real.

Arrancou ainda o ouro que revestia as portas do templo, e o das ombreiras de outras portas que tinham sido revestidas com esse metal precioso, e deu tudo ao rei assírio.

Senaqueribe ameaça Jerusalém

Contudo, este último enviou o comandante supremo do seu exército, o tesoureiro real e o mordomo da corte em Laquis, com um grande exército; acamparam junto à estrada principal, ao lado do campo das lavadeiras, perto do aqueduto do reservatório superior. Pediram que o rei Ezequias viesse falar com eles. Então Eliaquim, filho de Hilquias, que era o primeiro-ministro, acompanhado de Sebna, escrivão do rei, e de Joá, filho de Asafe, secretário real, formaram entre si uma comissão que saiu da cidade para se encontrar com o enviado da Assíria.

Então o general assírio enviou o seguinte recado ao rei Ezequias:

“O poderoso rei da Assíria diz-te que és um louco ao pensares que o rei do Egito te poderá ajudar. Pensas que a estratégia e a valentia militares são apenas uma questão de palavras? Em quem confias para te revoltares contra mim? No Egito? Se te apoias no Egito, vais verificar que essa nação é como um pau que logo se quebra, quando nos apoiamos nele, e que acaba por nos perfurar a mão. O Faraó egípcio não inspira confiança alguma! Talvez também estejas a dizer: ‘Nós confiamos no Senhor, nosso Deus!’ Então não é esse aquele que o vosso rei insultou, deitando abaixo os seus santuários e os altares sobre as colinas, obrigando toda a gente de Judá a adorar em Jerusalém e a usar unicamente o altar do templo?

O meu mestre, o rei da Assíria, propõe-vos o seguinte negócio: se conseguirem arranjar 2000 homens, do que ficou de todo o vosso exército, ele dá-vos outros tantos cavalos para que os montem! Assim, como poderás resistir a um oficial do meu senhor, mesmo que seja um dos menores, quando estás confiante que o Egito te fornecerá carros e cavaleiros? Além disso, julgas que vim aqui de minha própria iniciativa? Não. Foi o Senhor quem me disse: ‘Vai destruir essa nação!’ ”

Então Eliaquim, filho de Hilquias, Sebna e Joá responderam-lhe: “Pedimos-te que fales em aramaico, porque compreendemos esse idioma. Não uses o hebraico, para que o povo que está sobre as muralhas não perceba.”

O general assírio retorquiu: “O meu senhor não me mandou apenas para vos falar a vocês, mas também a essa gente que está em cima da muralha. É que eles estão também condenados a ingerirem o seu próprio esterco e a sua urina!”

Logo a seguir, o embaixador levantou a voz e falou, em hebraico, ao povo que ali estava: “Ouçam o que vos diz o grande rei da Assíria: ‘Não se deixem enganar por Ezequias; ele não será capaz de vos livrar do meu poder. Não lhe deem ouvidos, quando vos disser para confiarem no Senhor, e que o Senhor não permitirá que sejam conquistados pelo rei da Assíria!’

Não ouçam Ezequias! Vejam antes o que o rei da Assíria vos oferece: Primeiro, devem trazer-me um presente em sinal de rendição e aliarem-se a mim. Depois, abram todas as portas da cidade e saiam; deixarei que cada família possua a sua própria casa com a sua videira e a sua figueira. Isso até que eu tenha conseguido organizar a vossa ida para uma terra muito semelhante a esta, uma terra de belas cearas e de vinho, terra de pão e de vinhas, terra de oliveiras e de mel, para que lá vivam e não morram. Não deixem que Ezequias vos defraude, garantindo que o Senhor vos livrará dos meus exércitos. Algum dos deuses das outras nações alguma vez conseguiu livrar o seu povo do rei da Assíria? Que foi que aconteceu com os deuses de Hamate, Arpade, Sefarvaim, Hena e Iva? Foram eles capazes de proteger Samaria? Qual foi o deus que, em alguma ocasião, teve poder para preservar uma nação da minha força? O que vos leva a pensar que o Senhor pode salvar Jerusalém?”

O povo permaneceu calado e não lhe respondeu uma só palavra, pois Ezequias tinha-lhes dito para nada retorquirem. Então Eliaquim, filho de Hilquias, administrador do palácio, assim como Sebna, escrivão real, e Joá, filho de Asafe, o cronista da corte, voltaram para junto de Ezequias, com as suas vestes rasgadas, em sinal de profunda tristeza, e contaram-lhe tudo o que o general assírio lhes dissera.

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2 Reis 19:1-13

Isaías prediz a retirada dos assírios

(Is 37.1-20)

Quando o rei Ezequias ouviu o relatório que eles lhe fizeram, rasgou a roupa que trazia vestida, cobriu-se com pano de saco e dirigiu-se ao templo para orar. Disse a Eliaquim, a Sebna e a alguns dos sacerdotes mais velhos para se cobrirem igualmente com pano de saco e irem ter com o profeta Isaías, o filho de Amós, com a seguinte mensagem: “O rei Ezequias manda dizer: ‘Hoje foi um dia de angústia, desonra e blasfémia. É como se uma criança estivesse prestes a nascer e a mãe não tivesse forças para dar à luz. Mas pode bem ser que o Senhor, teu Deus, tenha ouvido os insultos provocatórios do general assírio, dirigidos ao Deus vivo, e o castigue. Oh! Pedimos-te que ores pelos poucos de entre nós que ainda restamos!’ ”

Esta foi a mensagem que trouxeram a Isaías.

Então Isaías respondeu assim: “Digam ao rei Ezequias que o Senhor lhe transmite o seguinte: ‘Não te deixes perturbar por esse discurso do servo do rei da Assíria e pelas suas blasfémias. O rei da Assíria receberá uma notícia em como é requerida, com urgência, a sua presença no país; ele regressará e farei com que o matem ali.’ ”

O delegado assírio deixou Jerusalém para ir consultar o seu rei que, entretanto, já tinha deixado Laquis e se encontrava a combater em Libna.

Pouco tempo depois, trouxeram ao rei assírio a notícia que o rei Tiraca de Cuche se aproximava para o atacar. Antes de partir, este enviou ainda a seguinte mensagem ao rei Ezequias: “Não te deixes enganar pelo teu Deus em quem confias. Não acredites naquilo que ele te disse que não hei de conquistar Jerusalém. Sabes perfeitamente o que os reis da Assíria fizeram por toda a parte por onde têm andado; têm destruído tudo. Porque é que haveria de ser diferente contigo? Alguma vez os deuses das outras nações as livraram? Nações como Gozã, Harã, Rezefe e Éden, da terra de Telessar, os anteriores reis assírios destruíram-nas a todas! Que foi que aconteceu ao rei de Hamate e ao rei de Arpade? Que aconteceu com os reis de Sefarvaim, Hena e Iva?”

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