1 Samuel 26:1-25, 1 Samuel 27:1-12, 1 Samuel 28:1-25 OL

1 Samuel 26:1-25

David poupa de novo a vida de Saul

Os homens de Zife vieram ter com Saul a Gibeá para dizer-lhe que David tinha voltado para o deserto e estava escondido nas colinas de Haquila. Saul reuniu a tropa de elite, com 3000 combatentes, e foi em sua perseguição. Acampou junto à estrada, à entrada do deserto em que David se escondia. David, sabendo da sua vinda, enviou espias para lhe estudar os movimentos.

Uma noite David esgueirou-se pelo acampamento de Saul. Este, acompanhado do general Abner, estava a dormir no centro do acampamento, rodeado de soldados.

“Há algum voluntário que queria vir comigo até lá?”, perguntou David a Aimeleque, o hitita, e a Abisai, irmão de Joabe e filho de Zeruía.

“Vou eu!”, respondeu Abisai. Desceram ambos até ao lugar onde estava Saul e viram que dormia com a lança ao lado, no chão. “Deus pôs o teu inimigo nas tuas mãos, sem dúvida alguma”, sussurrou Abisai a David. “Deixa-me ir a mim atravessá-lo com a lança. Cravo-o no chão. Faço-o de um só golpe!”

“Não! Não o matarás! Quem seria considerado inocente depois de ter matado aquele que foi ungido rei pelo Senhor? Deus certamente o castigará um dia e virá a morrer, ou numa batalha ou simplesmente de velhice. Que o Senhor nunca permita que eu venha a matar aquele que foi escolhido por ele para ser rei! Vou dizer-te o que faremos: tiramos-lhe a lança e a bilha de água e vamo-nos daqui!”

David pegou na lança e na bilha de água, e foram-se ambos embora sem que ninguém desse por nada, nem sequer acordasse, pois tinha sido o Senhor mesmo que os tinha posto a dormir. Subiram a encosta do monte que estava em frente ao acampamento e puseram-se a uma distância segura. Então David gritou para Abner e para Saul: “Acorda, Abner!”

“Quem é que está a chamar o rei?”, perguntou Abner.

“Abner, és um militar exemplar!”, disse-lhe David com ironia. “Onde é que se encontraria em Israel uma pessoa assim? Mas olha que não soubeste guardar o teu senhor, o rei, quando houve alguém que veio para matá-lo! Isso não é bom sinal! Tão certo como vive o Senhor, que deverias morrer por causa do teu descuido. Onde estão a lança e a bilha de água que estavam à cabeceira do rei?”

Saul reconheceu a voz de David e disse: “És tu, David, meu filho?”

“Sim, senhor, sou eu. Porque me persegues? Que fiz eu? Qual é o meu crime? Se foi o Senhor quem te incitou contra mim, então que ele aceite a minha oferta de paz. Mas se tudo isto não for mais do que o fruto da vontade dum homem, então que esse homem seja amaldiçoado perante o Senhor. Tu fizeste com que fugisse da minha casa e não posso viver com o povo do Senhor; têm chegado a propor-me prestar culto a deuses estranhos. Estarei eu destinado a morrer em terra estrangeira, longe da presença do Senhor? Porque é que o rei de Israel haveria de correr atrás da minha vida, como se fosse uma pulga ou uma perdiz dos montes?”

Então Saul confessou: “Atuei erradamente. Regressa a casa, meu filho, e nunca mais hei de fazer-te mal; porque hoje poupaste a minha vida. Tenho sido como um louco e errei profundamente.”

“Aqui está a tua lança, meu senhor”, respondeu David. “Que um dos vossos moços venha aqui buscá-la. O Senhor recompensa cada um pela sua retidão e pela sua lealdade. Quanto a mim, ele bem viu que recusei levantar a mão contra o ungido do Senhor, mesmo tendo ele colocado a tua vida nas minhas mãos. Agora, que o Senhor guarde a minha vida, tal como eu poupei a tua hoje. Que ele me livre de todas as minhas tribulações.”

E Saul disse a David: “Que Deus te abençoe, meu filho David. Tu farás grandes coisas e serás um grande guerreiro.” Então David foi embora e Saul voltou para o sítio onde estava antes.

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1 Samuel 27:1-12

David entre os filisteus

No entanto, David pensava consigo mesmo: “Pode ainda acontecer que Saul me apanhe. O melhor é tentar a minha sorte entre os filisteus, até que Saul realmente desista e deixe de perseguir-me. Só então estarei novamente seguro.”

Por isso, ele e os seus 600 homens e as suas famílias foram viver para Gate, sob a proteção do rei Aquis, filho de Maoque. Tinha consigo as suas duas mulheres, Ainoã de Jezreel e Abigail do Carmelo, a viúva de Nabal. Saul veio a saber, em breve, que David tinha fugido para Gate e que tinha parado de o perseguir.

Um dia, David disse a Aquis: “Meu senhor, se não te parecesse mal, gostaríamos de viver antes numa das cidades da província e não aqui na capital.”

Então Aquis deu-lhe Ziclague, cidade que ainda hoje pertence aos reis de Judá. E ali viveram entre os filisteus durante um ano e quatro meses.

David e os seus homens passavam o tempo a fazer incursões sobre os gesuritas, os girzitas e os amalequitas, povos filisteus que viviam perto de Sur, ao longo do caminho do Egito, desde tempos remotos. Não deixavam alma viva nas localidades sobre as quais caíam e traziam como despojo carneiros, bois, jumentos e camelos, além de vestuário, quando regressavam a casa.

“Então onde foi a vossa incursão hoje?”, perguntava-lhes Aquis, quando voltavam. E David respondia: “Caímos sobre o sul de Judá, sobre o povo jerameelita e sobre os queneus.” Porque não ficava ninguém vivo para dizer onde tinham realmente estado. Fizeram isto muitas vezes, enquanto viveram no meio dos filisteus. Aquis acreditava no que David dizia e pensava que o povo de Israel devia aborrecê-lo profundamente. “Ele agora vê-se obrigado a ficar aqui e a servir-me até ao fim da vida!”, pensava o rei.

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1 Samuel 28:1-25

A certa altura, os filisteus convocaram o seu exército e prepararam-se para nova guerra contra Israel. “Vem ajudar-nos a combater!”, disse o rei Aquis a David e aos seus companheiros.

“Está bem!”, concordou David. “Verás em breve como podemos ser-vos úteis.” Aquis acrescentou: “Se assim for, tornar-te-ás meu escudeiro para toda a vida.”

Saul e a bruxa de En-Dor

Entretanto, Samuel tinha morrido e Israel chorara o seu desaparecimento. Fora enterrado em Ramá, a sua cidade natal. Saul também tinha banido da terra de Israel tudo o que era adivinhação e consulta dos espíritos dos mortos.

Os filisteus acamparam em Sunem e Saul e os seus batalhões em Gilboa. Quando Saul viu o vasto exército que os inimigos constituíam ficou paralisado de medo. E perguntou ao Senhor o que deveria fazer. No entanto, o Senhor recusou responder-lhe, fosse por sonhos, fosse através do urim28.6 Ver nota a Dt 33.8. ou mesmo pelos profetas. Então Saul deu instruções aos seus ajudantes para tentarem encontrar alguém que consultasse o espírito dos mortos, a quem perguntasse o que devia fazer, e ainda acharam uma mulher que fazia isso, em En-Dor. Saul disfarçou-se, vestindo roupas de gente vulgar e dirigiu-se a casa dela, de noite, acompanhado por dois dos seus homens. E disse-lhe: “Eu pretendia falar com um homem que já morreu. Consegues chamar o seu espírito?”

“Queres que eu seja morta?”, protestou ela. “Sabes bem o que Saul mandou fazer a todos os adivinhos e médiuns. Estás a armar-me uma cilada!”

Saul jurou-lhe solenemente que não a trairia. Por fim, a mulher disse: “Então quem é que tu queres que eu faça vir em espírito?” Respondeu-lhe: “Traz-me Samuel.”

Quando a mulher viu Samuel, gritou: “Enganaste-me! Tu és Saul!” Ele retorquiu: “Não tenhas medo! Diz-me o que é que estás a ver.” Ela disse: “Vejo um espetro subindo da terra.”

“Como é que é ele?”, perguntou Saul. “É um ancião e está envolto numa túnica”, respondeu-lhe. Saul viu que se tratava de Samuel e inclinou-se.

“Porque é que me incomodaste, fazendo-me subir?”, perguntou-lhe Samuel. “Porque estou profundamente perturbado. Os filisteus estão em guerra contra nós; Deus abandonou-me e não me responde, nem pelos profetas nem por sonhos. Por isso, chamei-te, para te perguntar o que devo fazer.”

Samuel respondeu: “E por que razão me perguntas a mim, se o Senhor te deixou e se tornou teu inimigo? Ele atuou como já antes te tinha dito e tirou-te o reino para o dar ao teu rival David. Tudo isto veio sobre ti porque não obedeceste às instruções do Senhor, dando cumprimento ao ardor da sua ira sobre os amalequitas. Todo o exército de Israel será derrotado e destruído amanhã pelos filisteus. Tu e os teus filhos estarão aqui comigo.”

Saul caiu estendido no chão, fulminado de terror pelas palavras de Samuel. Ele também se encontrava muito enfraquecido, pois não tinha comido nada durante todo aquele dia. Quando a bruxa viu a sua reação e o estado em que tinha ficado, disse: “Senhor, eu apenas obedeci às tuas ordens com o risco da minha vida. Agora ouve o que eu te digo e deixa-me dar-te alguma coisa para comer, a fim de que ganhes forças para a viagem de regresso.”

Ele recusou. No entanto, os companheiros insistiram para que aceitasse a oferta da mulher. Por fim, acedeu e sentou-se à beira da cama. A mulher tinha em casa um bezerro cevado que se apressou a degolar; amassou também farinha e cozeu uns pães sem fermento. Trouxe a comida ao rei e aos seus homens que comeram, encetando depois a viagem de regresso naquela mesma noite.

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