1 Samuel 19:1-24, 1 Samuel 20:1-42 OL

1 Samuel 19:1-24

Saul tenta matar David

Saul apertava agora com os ajudantes e com o próprio Jónatas para assassinarem David. Jónatas, por causa da sua grande amizade por David, contou-lhe o que o seu pai estava a planear. “Amanhã de manhã terás de procurar um lugar escondido nos campos”, disse-lhe. “Pedirei ao meu pai que venha comigo até esse sítio e falar-lhe-ei de ti. Depois te direi tudo o que se tiver passado.”

Na manhã seguinte, Jónatas conversou com o pai e falou-lhe bem de David, pedindo-lhe que não se voltasse contra ele. “Nunca fez nada contra ti. Pelo contrário, procurou ajudar-te sempre que pôde. Terás já esquecido que arriscou a vida para matar o Golias e como por meio dele o Senhor deu uma vitória tão grande a Israel? Nessa altura, estavas bem satisfeito com isso, não é verdade? Porque haverias agora de assassinar um homem inocente? Não há razão nenhuma para uma coisa dessas!”

Saul acabou por concordar e prometeu: “Tão certo como vive o Senhor que não o matarei!” A seguir, Jónatas chamou David e relatou-lhe o que acontecera. Levou-o depois à presença de Saul e tudo ficou como nos primeiros tempos.

Pouco tempo depois, rebentou nova guerra e David conduziu as tropas contra os filisteus, matando um grande número e pondo em fuga o resto do exército inimigo.

Uma noite em que Saul estava sentado nos seus aposentos a ouvir David tocar harpa, o espírito atormentador, da parte do Senhor, atacou-o de repente. Havia uma lança ali à mão. Saul atirou-a contra David com o intuito de o matar. Mas este desviou-se a tempo, fugindo para fora para o escuro da noite. A lança ficou cravada na parede.

Saul enviou tropas para vigiarem a casa de David e para o matarem pela manhã, quando saísse. “Se não fugires esta mesma noite”, avisou-o Mical, “amanhã de manhã estarás morto.” Ela própria o ajudou a descer por uma janela. Então pegou num ídolo, pô-lo na cama, cobriu-o com cobertores e colocou sobre a almofada uma pele de cabra.

Quando os soldados vieram para prender David e levá-lo a Saul, disse-lhes que estava doente, que não podia sair da cama. Saul disse aos soldados para lhe trazerem David mesmo na cama, para que pudesse matá-lo. Quando chegaram para o levar, descobriram que se tratava apenas de uma imagem!

“Porque é que me enganaste e deixaste escapar o meu inimigo?”, perguntou Saul a Mical. “Fui obrigada a isso. Ele ameaçou que me matava se não o ajudasse.”

Dessa forma, David conseguiu fugir para Ramá, para se encontrar com Samuel, e contou-lhe o que Saul lhe tinha feito. Samuel levou-o para viver consigo em Naiote. Quando Saul soube que David estava em Naiote de Ramá, enviou alguns tropas para o capturar. Ao chegarem e ao verem Samuel e os outros homens de Deus profetizando, o Espírito de Deus veio também sobre eles e começaram a profetizar. Saul, sabendo o que acontecera, enviou mais tropas, mas sucedeu-lhes a mesma coisa. E ainda com um terceiro contingente se passou idêntico facto. Saul decidiu ir ele pessoalmente a Ramá. Chegado ao grande poço de Seco, perguntou: “Onde estão Samuel e David?”

Alguém lhe disse que estavam em Naiote. Ao dirigir-se para lá, também o Espírito de Deus veio sobre ele e profetizou, à semelhança dos outros! Despiu a sua roupagem e permaneceu assim todo o dia e toda a noite, profetizando na companhia dos profetas de Samuel. “O quê!”, exclamavam as pessoas, “Saul está também a profetizar?”

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1 Samuel 20:1-42

David e Jónatas fazem uma aliança

David fugiu de Naiote de Ramá e encontrou-se com Jónatas. “Que foi que eu fiz?”, perguntou. “Porque é que teu pai procura tirar-me a vida?”

“Não é verdade!”, protestou Jónatas. “Tenho a certeza que não está a planear nada, pois sempre me diz tudo o que pensa fazer, mesmo as mais pequenas coisas, e sei que não me esconderia uma coisa como essa. Não, isso não pode ser.”

“Tu é que não sabes o que se passa! O teu pai sabe bem da nossa amizade e por isso pensa: ‘Não vou dizer nada a Jónatas para não o magoar.’ A verdade é que ando constantemente a dois passos da morte. Tão certo como vive o Senhor e estar viva a tua alma!”

Jónatas respondeu-lhe: “Farei tudo o que puder por ti.”

“Amanhã começa a celebração da lua nova. Sempre passei essa ocasião com o teu pai, mas amanhã escondo-me no campo e fico lá até à noite do terceiro dia. Se o teu pai perguntar onde estou, diz-lhe que pedi licença para ir a Belém celebrar com toda a minha família o sacrifício anual. Se responder, ‘Está bem!’, saberei que não há novidade. Mas se ele se encolerizar, será o sinal de que na verdade quer mesmo matar-me. Sê então bondoso para comigo, pois fizemos aliança no Senhor, de sermos como irmãos. Se não, mata-me tu mesmo, se é verdade que pequei contra o teu pai, mas não me entregues!”

“Eu não faria uma coisa dessas!”, exclamou Jónatas. “Eu não deixaria de te avisar se soubesse que o meu pai estava com intenções de te matar!”

David perguntou: “Como hei de saber se o teu pai está ou não zangado?”

“Vamos para o campo”, sugeriu Jónatas. E saíram juntos.

Jónatas disse então a David: “Prometo, pelo Senhor Deus de Israel, que amanhã por esta altura do dia, ou depois de amanhã o mais tardar, falarei ao meu pai a teu respeito e dar-te-ei a conhecer definitivamente o que ele sente por ti. Se estiver encolerizado e com a intenção de te matar, então que seja o Senhor a matar-me se eu não te avisar, para que possas escapar e viver. Que o Senhor seja contigo como foi com o meu pai. Lembra-te que deves demonstrar o amor e a bondade do Senhor não só para comigo, durante a minha vida, mas também para com os meus filhos, depois do Senhor ter destruído todos os teus inimigos.”

Assim, Jónatas fez uma aliança com a família de David, dizendo: “Que o Senhor vingue os inimigos de David!” Jónatas fez com que David jurasse segunda vez pela grande amizade que havia entre eles; porque lhe queria tanto quanto a si próprio.

Então Jónatas disse: “Amanhã é a festa da lua nova; darão pela tua falta à mesa, quando virem o teu lugar vazio. Depois de amanhã, toda a gente perguntará por ti. Por isso, mantém-te no esconderijo onde te encontrares junto à pedra de Ezel. Eu aproximar-me-ei e atirarei três setas em direção à pedra, como se estivesse a atirar ao alvo. A seguir, mandarei um moço ir buscar as setas. Se me ouvires dizer-lhe: ‘Procura-as que estão aí mesmo’, saberás que tudo vai bem e que não há problemas. Tão certo como vive o Senhor. Mas se lhe disser: ‘Mais adiante, as setas estão lá mais para a frente’, isso quererá dizer que deves ir embora, porque o Senhor manda-te ir. Que o Senhor nos ajude a sermos fiéis ao que prometemos um ao outro, pois ele próprio foi testemunha disso.”

David escondeu-se no campo. Quando a celebração da lua nova começou, o rei sentou-se para comer no lugar habitual, junto à parede. Jónatas sentou-se à sua frente e Abner ao lado de Saul, ficando vazio o lugar de David. Saul nada disse sobre o facto durante o dia todo, porque supôs que alguma coisa teria acontecido a David que o tivesse tornado ritualmente impuro. Quando no dia seguinte o seu lugar continuou vazio perguntou a Jónatas: “Porque é que David não veio comer nem ontem nem hoje?”

“Ele pediu-me se podia ir a Belém tomar parte na celebração da família”, respondeu Jónatas. “O irmão pediu para ele lá estar e eu disse-lhe que fosse.”

Saul ficou a arder em ira: “Filho duma prostituta!”, gritou-lhe. “Pensas que não sei muito bem que te aliaste a esse filho de Jessé, envergonhando-te a ti mesmo e à tua família? Enquanto esse indivíduo for vivo, nunca serás rei. Vai já à procura dele para que o mate!”

“Que mal fez ele? Porque haveria de morrer?” Então Saul atirou-lhe com a lança para o matar. Jónatas deu-se bem conta de que o pai estava absolutamente decidido a matar David. Deixou a mesa profundamente revoltado e recusou-se a comer naquele dia por causa do vergonhoso comportamento do pai para com David.

Na manhã seguinte, como combinado, saiu para o campo e levou consigo um moço para lhe apanhar as setas. “Vai a correr apanhar as setas que eu atirar.” Este partiu e ele atirou uma seta que fez passar adiante dele. Quando o rapaz estava quase a chegar ao sítio gritou-lhe: “A seta está mais à frente. Apressa-te, não demores!” O moço apanhou as setas e veio entregá-las a Jónatas, sem ter percebido as intenções do seu senhor. Só Jónatas e David sabiam o significado daquelas palavras.

Jónatas entregou as setas e o arco ao moço e disse-lhe que regressasse à cidade. Logo que o moço partiu, David saiu do lugar onde estava escondido, para o lado sul do campo, veio ao seu encontro, abraçaram-se e ambos choraram. David estava inconsolável! Por fim, Jónatas disse-lhe: “Tem coragem, porque confiámos as nossas vidas e as vidas de nossos filhos nas mãos do Senhor para sempre.” Então separaram-se e Jónatas regressou à cidade.

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