Jó 25:1-6
Bildade
Então Bildade, de Suá, respondeu:
“O domínio e o temor pertencem a Deus;
ele impõe ordem nas alturas, que a ele pertencem.
Seria possível contar os seus exércitos?
E a sua luz, sobre quem não se levanta?
Como pode então o homem ser justo diante de Deus?
Como pode ser puro quem nasce de mulher?
Se nem a lua é brilhante
e nem as estrelas são puras aos olhos dele,
muito menos o será o homem,
que não passa de larva,
o filho do homem,
que não passa de verme!”
Jó 26:1-14
Jó
Então Jó respondeu:
“Grande foi a ajuda que você deu ao desvalido!
Que socorro você prestou ao braço frágil!
Belo conselho você ofereceu a quem não é sábio,
e que grande sabedoria você revelou!
Quem o ajudou a proferir essas palavras,
e por meio de que espírito você falou?
“Os mortos estão em grande angústia
sob as águas, e com eles sofrem os que nelas vivem.
Nu está o Sheol26.6 Essa palavra pode ser traduzida por sepultura, profundezas, pó ou morte. diante de Deus,
e nada encobre a Destruição26.6 Hebraico: Abadom..
Ele estende os céus do norte sobre o espaço vazio;
suspende a terra sobre o nada.
Envolve as águas em suas nuvens,
e estas não se rompem sob o peso delas.
Ele cobre a face da lua cheia
estendendo sobre ela as suas nuvens.
Traça o horizonte sobre a superfície das águas
para servir de limite entre a luz e as trevas.
As colunas dos céus estremecem e ficam perplexas
diante da sua repreensão.
Com seu poder agitou violentamente o mar;
com sua sabedoria despedaçou o Monstro dos Mares26.12 Hebraico: Raabe. Veja Sl 89.10 e Is 51.9..
Com seu sopro os céus ficaram límpidos;
sua mão feriu a serpente arisca.
E isso tudo é apenas a borda de suas obras!
Um suave sussurro é o que ouvimos dele.
Mas quem poderá compreender o trovão do seu poder?”
Jó 27:1-23
E Jó prosseguiu em seu discurso:
“Pelo Deus vivo, que me negou justiça,
pelo Todo-poderoso, que deu amargura à minha alma,
enquanto eu tiver vida em mim,
o sopro de Deus em minhas narinas,
meus lábios não falarão maldade,
e minha língua não proferirá nada que seja falso.
Nunca darei razão a vocês!
Minha integridade não negarei jamais, até a morte.
Manterei minha retidão e nunca a deixarei;
enquanto eu viver, a minha consciência não me repreenderá.
“Sejam os meus inimigos como os ímpios,
e os meus adversários como os injustos!
Pois, qual é a esperança do ímpio, quando é eliminado,
quando Deus lhe tira a vida?
Ouvirá Deus o seu clamor
quando vier sobre ele a aflição?
Terá ele prazer no Todo-poderoso?
Chamará a Deus a cada instante?
“Eu os instruirei sobre o poder de Deus;
não esconderei de vocês os caminhos do Todo-poderoso.
Pois a verdade é que todos vocês já viram isso.
Então por que essa conversa sem sentido?
“Este é o destino que Deus determinou para o ímpio,
a herança que o mau recebe do Todo-poderoso:
Por mais filhos que o ímpio tenha,
o destino deles é a espada;
sua prole jamais terá comida suficiente.
A epidemia sepultará aqueles que lhe sobreviverem,
e as suas viúvas não chorarão por eles.
Ainda que ele acumule prata como pó
e amontoe roupas como barro,
o que ele armazenar ficará para os justos,
e os inocentes dividirão sua prata.
A casa que ele constrói é como casulo de traça,
como cabana feita pela sentinela.
Rico ele se deita, mas nunca mais o será!
Quando abre os olhos, tudo se foi.
Pavores vêm sobre ele como uma enchente;
de noite a tempestade o leva de roldão.
O vento oriental o leva, e ele desaparece;
arranca-o do seu lugar.
Atira-se contra ele sem piedade,
enquanto ele foge às pressas do seu poder.
Bate palmas contra ele
e com assobios o expele do seu lugar.
Jó 28:1-28
“Existem minas de prata
e locais onde se refina ouro.
O ferro é extraído da terra,
e do minério se funde o cobre.
O homem dá fim à escuridão
e vasculha os recônditos mais remotos
em busca de minério, nas mais escuras trevas.
Longe das moradias ele cava um poço,
em local esquecido pelos pés dos homens;
longe de todos, ele se pendura e balança.
A terra, da qual vem o alimento,
é revolvida embaixo como que pelo fogo;
das suas rochas saem safiras,
e seu pó contém pepitas de ouro.
Nenhuma ave de rapina conhece aquele caminho oculto,
e os olhos de nenhum falcão o viram.
Os animais altivos não põem os pés nele,
e nenhum leão ronda por ali.
As mãos dos homens atacam a dura rocha
e transtornam as raízes das montanhas.
Fazem túneis através da rocha,
e os seus olhos enxergam todos os tesouros dali.
Eles vasculham28.11 Conforme a Septuaginta e a Vulgata. O Texto Massorético diz Eles fecham. as nascentes dos rios
e trazem à luz coisas ocultas.
“Onde, porém, se poderá achar a sabedoria?
Onde habita o entendimento?
O homem não percebe o valor da sabedoria;
ela não se encontra na terra dos viventes.
O abismo diz: ‘Em mim não está’;
o mar diz: ‘Não está comigo’.
Não pode ser comprada,
mesmo com o ouro mais puro,
nem se pode pesar o seu preço em prata.
Não pode ser comprada
nem com o ouro puro de Ofir,
nem com o precioso ônix,
nem com safiras.
O ouro e o cristal não se comparam com ela,
e é impossível tê-la em troca de joias de ouro.
O coral e o jaspe nem merecem menção;
o preço da sabedoria ultrapassa o dos rubis.
O topázio da Etiópia28.19 Hebraico: Cuxe. não se compara com ela;
não se compra a sabedoria nem com ouro puro!
“De onde vem, então, a sabedoria?
Onde habita o entendimento?
Escondida está dos olhos de toda criatura viva,
até das aves dos céus.
A Destruição28.22 Hebraico: Abadom. e a Morte dizem:
‘Aos nossos ouvidos só chegou um leve rumor dela’.
Deus conhece o caminho;
só ele sabe onde ela habita,
pois ele enxerga os confins da terra
e vê tudo o que há debaixo dos céus.
Quando ele determinou a força do vento
e estabeleceu a medida exata para as águas,
quando fez um decreto para a chuva e o caminho
para a tempestade trovejante,
ele olhou para a sabedoria e a avaliou;
confirmou-a e a pôs à prova.
Disse então ao homem:
‘No temor do Senhor está a sabedoria,
e evitar o mal é ter entendimento’ ”.
Jó 29:1-25
Jó prosseguiu sua fala:
“Como tenho saudade dos meses que se passaram,
dos dias em que Deus cuidava de mim,
quando a sua lâmpada brilhava sobre a minha cabeça
e por sua luz eu caminhava em meio às trevas!
Como tenho saudade dos dias do meu vigor,
quando a amizade de Deus abençoava a minha casa,
quando o Todo-poderoso ainda estava comigo
e meus filhos estavam ao meu redor,
quando as minhas veredas se embebiam em nata
e a rocha me despejava torrentes de azeite.
“Quando eu ia à porta da cidade
e tomava assento na praça pública;
quando, ao me verem, os jovens saíam do caminho,
e os idosos ficavam em pé;
os líderes se abstinham de falar
e com a mão cobriam a boca.
As vozes dos nobres silenciavam, e suas línguas
colavam-se ao céu da boca.
Todos os que me ouviam falavam bem de mim,
e quem me via me elogiava,
pois eu socorria o pobre que clamava por ajuda
e o órfão que não tinha quem o ajudasse.
O que estava à beira da morte me abençoava,
e eu fazia regozijar-se o coração da viúva.
A retidão era a minha roupa;
a justiça era o meu manto e o meu turbante.
Eu era os olhos do cego
e os pés do aleijado.
Eu era o pai dos necessitados e me interessava
pela defesa de desconhecidos.
Eu quebrava as presas dos ímpios
e dos seus dentes arrancava as suas vítimas.
“Eu pensava: Morrerei em casa,
e os meus dias serão numerosos como os grãos de areia.
Minhas raízes chegarão até as águas,
e o orvalho passará a noite nos meus ramos.
Minha glória se renovará em mim,
e novo será o meu arco em minha mão.
“Os homens me escutavam em ansiosa expectativa,
aguardando em silêncio o meu conselho.
Depois que eu falava, eles nada diziam;
minhas palavras caíam suavemente em seus ouvidos.
Esperavam por mim
como quem espera por uma chuvarada
e bebiam minhas palavras
como quem bebe a chuva da primavera.
Quando eu lhes sorria, mal acreditavam;
a luz do meu rosto lhes era preciosa.
Era eu que escolhia o caminho para eles
e me assentava como seu líder;
instalava-me como um rei no meio das suas tropas;
eu era como um consolador dos que choram.