Deuteronómio 1:1-46, Deuteronómio 2:1-23 OL

Deuteronómio 1:1-46

Ordem para deixar Horebe

Este livro regista as palavras que Moisés comunicou ao povo de Israel, quando estavam acampados no vale de Arabá, no deserto de Moabe, do lado nascente do rio Jordão, em frente de Sufe, entre Parã e Tofel, dum lado, e Labão, Hazerote e Di-Zaabe, do outro. Estas palavras foram-lhes dirigidas no primeiro dia do décimo primeiro mês, 40 anos após terem deixado o monte Horebe, ainda que sejam apenas 11 dias de viagem a pé, do monte Horebe até Cades-Barneia, indo pelo monte Seir, conforme tudo o que o Senhor tinha confiado a Moisés para lhes transmitir. Na altura em que estas palavras foram proferidas, já o rei Siom dos amorreus tinha sido derrotado em Hesbom e o rei Ogue de Basã também já fora vencido em Astarote, perto de Edrei.

Assim falou Moisés a Israel, expondo toda a Lei que Deus lhe dissera para comunicar ao povo: Foi há 40 anos, no monte Horebe, que o Senhor, nosso Deus, nos disse: “Ficaram aqui bastante tempo. Agora vão e ocupem as montanhas dos amorreus, o vale de Arabá, os montes, o Negueve e toda a planície costeira de Canaã e do Líbano; toda a área que vai do Mediterrâneo até ao grande rio Eufrates. Dou-vos todo este território; possuam-no, pois trata-se da terra que o Senhor prometeu aos vossos antepassados Abraão, Isaque e Jacob, e a todos os seus descendentes.”

Moisés nomeia auxiliares

(Êx 18.13-27)

Por essa altura, eu disse-vos: “Preciso de ajuda. Vocês são um fardo demasiado grande para eu levar sozinho, porque o Senhor, vosso Deus, vos multiplicou como as estrelas. Que o Senhor, Deus dos vossos pais, vos multiplique mil vezes ainda e vos abençoe como prometeu! Que pode um só homem fazer perante todas as vossas disputas e problemas? Escolham alguns homens de cada tribo, que sejam pessoas de bom senso, compreensivas e com experiência de vida, e nomeá-los-ei como vossos chefes.”

Vocês concordaram. Por isso, tomei os homens que selecionaram, alguns de cada tribo, e designei-os para assistentes administrativos, por escalões de mil, cem, cinquenta e dez pessoas, para deliberarem quanto às questões que lhes fossem apresentadas, e para prestarem assistência geral em cada dia. Instruí-os para que fossem sempre perfeitamente justos, mesmo com os estrangeiros. “Quando tomarem decisões”, disse-lhes, “nunca favoreçam um indivíduo porque é rico, por exemplo. Sejam justos com todos, tanto grandes como pequenos. Não temam o desagrado das pessoas, pois estão a julgar em nome de Deus. Tragam-me algum caso cuja dificuldade vos ultrapasse e eu o resolverei.” Aliás, dei-vos outras instruções nessa altura.

Moisés envia espias

(Nm 13.1-33)

Deixámos então o monte Horebe e atravessámos o grande e terrível deserto, tendo finalmente chegado às colinas dos amorreus, para onde o Senhor, nosso Deus, nos tinha dirigido. Estávamos em Cades-Barneia e eu disse ao povo: “O Senhor Deus deu-nos esta terra. Vão e conquistem-na. Nada receiem e não duvidem!”

Mas vocês replicaram: “Primeiramente, enviemos espias para descobrirem o melhor caminho para lá entrar e para escolherem as cidades que devemos capturar primeiro.”

Isto pareceu-nos uma boa ideia. Por isso, escolhi doze espias, um de cada tribo. Eles atravessaram as colinas e vieram até ao vale de Escol, tendo regressado com amostras dos frutos da terra. Bastava vê-los para nos convencermos de que se tratava, na verdade, de uma ótima terra, essa que o Senhor, nosso Deus, nos dera!

Rebelião contra o Senhor

(Nm 14.1-45)

Contudo, recusaram-se a ir conquistá-la e rebelaram-se contra a ordem do Senhor, vosso Deus. Lamentaram-se e murmuraram nas vossas tendas: “O Senhor deve odiar-nos, trazendo-nos do Egito até aqui, para sermos assassinados por estes amorreus. Porque é que precisamos de ir para lá? Os nossos irmãos que foram observar a terra aterrorizaram-nos com o seu relato; dizem que o povo da terra é forte e de alta estatura e que tem cidades fortificadas com muralhas altíssimas até ao céu! Até viram lá gigantes descendentes de Anaque!”1.28 Os descendentes de Anaque, ou anaquins, representam os antigos habitantes da terra hoje pertencente ao território de Israel.

E disse-vos: “Não estejam com medo! O Senhor Deus é o vosso chefe e lutará em vosso favor com o seu poder divino, tal como no Egito. Sabem como o Senhor, vosso Deus, cuidou de vocês dia após dia, aqui no deserto, e que foi como um pai para cada um!”

Mas de nada serviu tudo o que vos disse. Recusaram-se a crer no Senhor, vosso Deus, que vos tinha conduzido em todos os momentos, selecionando os melhores lugares para acamparem, guiando-vos clara e seguramente por meio duma coluna de fogo durante a noite e duma nuvem durante o dia.

O Senhor ouviu os vossos lamentos e ficou muito irado. Garantiu então que nem uma só pessoa de toda a vossa geração viveria o tempo bastante para poder ver a boa terra que prometera aos vossos antepassados, à exceção de Calebe, filho de Jefoné, o qual, pelo facto de ter seguido inteiramente o Senhor, haveria de receber como herança pessoal uma parte da terra em que já tinha penetrado.

Mesmo comigo, o Senhor também ficou zangado, por vossa causa, e disse-me: “Não entrarás na terra prometida! Será antes o teu assistente, Josué, filho de Num, quem lá fará entrar o povo. Anima-o a preparar-se para tomar a liderança. A terra será dada às crianças que ainda não distinguem o que é bom do que é mau, das quais agora dizem temer que venham a morrer no deserto. Quanto a vocês, voltem para trás e tornem a atravessar o deserto em direção ao mar Vermelho.”

Então confessaram: “Pecámos! Estamos agora decididos a entrar na terra e a lutar por ela, tal como o Senhor, nosso Deus, nos disse.” Pegaram em armas e pensaram que seria fácil subir à montanha.

No entanto, o Senhor ordenou-me: “Diz-lhes para não o fazerem, porque não irei com eles; serão vencidos pelos seus inimigos.”

Comuniquei-vos esse aviso, mas não quiseram ouvir-me. Desobedeceram novamente às ordens do Senhor e insistiram em subir à montanha. Os amorreus que lá viviam vieram ao vosso encontro, perseguiram-vos como se fossem um enxame de abelhas e feriram-vos; isto passou-se entre Seir e Horma. Regressaram e choraram então perante o Senhor, sem que este, contudo, vos escutasse. E assim ficaram naquele sítio, em Cades, durante muito tempo.

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Deuteronómio 2:1-23

Jornadas no deserto

Então voltámos para trás, através do deserto, para o mar Vermelho, pois fora assim que o Senhor me mandara. Durante muitos anos vagueámos à volta do monte Seir.

Por fim, o Senhor disse-me: “Já estiveram aqui bastante tempo. Voltem para o norte. Informem o povo de que deverão atravessar a terra dos seus parentes, os edomitas, descendentes de Esaú, que vivem aqui em Seir. Os edomitas estão desconfiados e têm medo de vocês; portanto sejam cautelosos. Não provoquem nenhum conflito, pois não vos darei sequer um torrão dessa terra, porque lhes dei toda esta região acidentada do monte Seir. Paguem-lhes todo o alimento ou água de que precisarem enquanto passarem por lá.”

O Senhor, vosso Deus, tem cuidado de vocês e tem-vos abençoado durante estes 40 anos que têm andado por este grande deserto; nada vos faltou em nenhum momento.

Dessa forma, passámos através de Edom onde viviam os nossos parentes, percorrendo o caminho de Arabá que vai para o sul para Elate e para Eziom-Geber, e continuámos para o norte em direção do deserto de Moabe.

Depois o Senhor avisou-nos: “Também não devem atacar os moabitas, visto que não vos darei nada da região de Ar. Pertence aos descendentes de Lot.” (Antes viviam ali os emitas, uma tribo muito grande, gente tão alta como os gigantes de Anaquim. Tanto os emitas como os anaquins são frequentemente referidos como sendo refaítas; mas os moabitas chamam-lhes emitas. Antigamente os horeus viviam em Seir, mas foram aniquilados e expulsos pelos edomitas, os descendentes de Esaú, tal como os israelitas lançaram depois fora o povo de Canaã, cuja terra lhes tinha sido destinada pelo Senhor.)

“Agora atravessem o ribeiro de Zerede”, disse-nos o Senhor, e assim fizemos.

Desta forma, levámos 38 anos para finalmente atravessar o ribeiro de Zerede vindos de Cades-Barneia. Pois o Senhor tinha estipulado que isso não haveria de acontecer antes que todos os homens que naquela altura tinham idade para combater tivessem morrido. Até que, por fim, o Senhor disse-me:

“Hoje Israel atravessará a fronteira de Moabe, em Ar, entrando na terra dos amonitas, mas não os ataques, porque não te vou dar a terra deles; eu dei-a aos descendentes de Lot.” (Aquela terra também tinha sido habitada pelos refaítas, aos quais os amonitas chamavam zamezumeus. Eram uma tribo grande e poderosa, de estatura tão alta como os anaquins; mas o Senhor destruiu-os, quando os amonitas apareceram e passaram a viver ali. O Senhor também tinha ajudado os descendentes de Esaú no monte Seir, pois aniquilou os horeus que lá viviam antes deles. Outra situação idêntica ocorreu quando o povo de Caftor invadiu e destruiu a tribo de Avim que vivia em povoações espalhadas por aquela zona, chegando até Gaza.)

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